Quando eu era criança, eu não sabia o que queria ser até os 9 anos de idade. Apenas uma vaga vontade de ser da Marinha (não daria certo.)
Até que aos 10 anos eu tive minha primeira aula de Ciências com o Prof. Edervel. Essa aula, como tantas outras dele, ficaram marcadas na minha memória até hoje e assim será para sempre. Com as aulas do Edervel na quinta série decidi que queria ser astrônoma. Comprei livros, comprei revistas, assistia documentários e tudo mais. Até que me disseram: tem muita física e cálculo! Desisti. Nunca fui boa de Exatas e apenas meu entusiasmo pela área nunca seria suficiente.
Da sétima série até o terceiro colegial meu sonho foi ser geóloga ou oceanógrafa. Por motivos maternais minha mamãe pediu para mim ficar por perto dela, então Oceanografia estava descartado por não ter como o curso ser oferecido aqui nas cidades vizinhas (porque será, né?).
Ao fim do terceiro colegial prestei Geografia na Unicamp. Faltou meio ponto para ir para a segunda fase. Fracassei. No ano seguinte fui questionada se era isso mesmo que eu queria e mais uma vez disse que sim, então minha mãe decidiu que pagaria um cursinho e que eu estudasse bastante. Estudei e na metade do ano minha irmã sugeriu que eu prestasse o vestibular da Fatec apenas para ver como estava meu nível. Era o último dia de inscrição e faltava apenas meia-hora para encerrar, quando minha irmã me inscreveu e perguntou "Qual curso? Têxtil ou Processamento de Dados?" ao que eu respondi "Têxtil, né". Ela ficou assustada e disse "Não, tenta Processamento de Dados" e pagamos a fatura online mesmo.
Eu fiquei me perguntando o que seria Processamento de Dados. Sério. Eu sabia que era algo relacionado à informática. Poxa, eu entendia o bastante para uma boa usuária, mas nunca para "entrar" dentro da alma de um computador. E só para deixar claro: sugeri Têxtil por minha mãe ter trabalhado a vida inteira na área e eu entender de algumas coisas.
Prestei o vestibular e adivinhem? Passei. Fiquei feliz porque isso provou que eu não era uma pessoa burra e incompetente como achava que era. E então achei que era só isso. Mas aí veio a pergunta cruel "Porque você não cursa?". Hã? Como? Eu fazendo um curso do qual não entendo bulhufas e ainda por cima da área de Exatas? Claro que não, continuarei fazendo cursinho. E continuei, porém... cursando a Fatec junto. Sim, minha irmã me convenceu. Danada.
Portanto era cursinho de manhã e Fatec à noite. Começou a ficar cansativo, e aquelas aulas de LTPI onde eu não entendia nada e o professor não explicava direito. MAT I onde a professora passava 9 lousas cheias de matéria, colocava medo nos alunos e explicava horrivelmente. Códigos binários? Vixi, aquela coisa não entrava na minha cabeça, assim como muitas linguagens de programação eu não consigo entender pelo fato do meu cérebro ter uma lógica totalmente diferente. Sendo assim, se você aprende de determinado jeito, eu provavelmente tenho que aprender de outro para assimilar a matéria.
O ano foi passando e aconteceu o que eu não queria: acabei não me dedicando totalmente à nenhum e bombei tanto no semestre da faculdade, quanto no vestibular da Unicamp denovo. Pelo mesmo meio ponto.
Isso ocasionou uma depressão em mim e perdi mais um semestre da faculdade, que continuei cursando. Depois disso pensei: Já que "tamo" aqui, vamos concluir. E cá estou eu, cursando Tecnologia em Processamento de Dados, atrasada um ano nas matérias, fazendo minha monografia e, se Deus quiser, no final de 2011 serei uma tecnóloga. Hoje vejo mais sentido em tudo na Informática, gosto, mas ainda não é o que quero.
A Fatec serviu para abrir meus horizontes e agregar conhecimentos que hoje em dia são obrigatórios para qualquer pessoa. A Fatec também me deu o Minoru de presente e ele me deu todo o apoio e amor que eu sempre quis. Mas se você me perguntar no que eu quero trabalhar, qual meu sonho... eles são bem diferente hoje do que já foram um dia.
E continuam confusos e longe do meu alcance. Mas estou me dirigindo à eles.
O que eu quero concluir com isso é: nós, dificilmente, somos o que queríamos ser quando crianças. O mundo e a vida são imprevisíveis e olha onde fui parar. Olhe onde você foi parar!
Mas o mais importante é que eu não queria me tornar uma adulta chata, e espero que isso eu continue mantendo dentro de mim. Espero que o mundo não roube isso de mim.